Mercado musical e produção de conteúdo: uma dependência nociva

Em artigo no site MIDiA Research em 15 de janeiro de 2021, Mark Mulligan destaca a dependência do mercado musical em relação à cultura da “produção de conteúdo”.

Para ele, a única coisa que importa na indústria da música é capturar o tempo da audiência através da criação de conteúdo, sejam posts ou lançamentos. O tipo de conteúdo e as táticas que capturam o tempo da audiência são secundários. E isso vai piorar após a pandemia, já não haverá os 15% de “tempo extra” do deslocamento físico.

“Na economia da atenção, o consumo mantém a cultura refém. Conteúdo, consumo e cultura estão sendo colocados uns contra os outros”.

Mark Mulligan

Artistas e gravadoras estão nessa corrida para aumentar o volume e a velocidade da música que lançam. Isso porque a produção cultural se permitiu ser infectada pela visão de mundo das redes sociais e Big Techs como Spotify, em que volume e velocidade de lançamentos são mais importantes do que processos artísticos.

“Nesse jogo da economia de atenção, a plataforma de streaming é uma fera que está sempre faminta. Cada nova música é apenas mais um pouco de caloria para saciar seu apetite”.

Mark Mulligan

A indústria musical tem que decidir se quer quebrar sua dependência de atenção e começar a fazer as coisas de maneira diferente. 

“É crucial é que artistas, gravadoras, compositores e editores tenham um papel ativo em conduzir o navio para o futuro, ao invés de simplesmente serem puxados pela maré”.

Mark Mulligan

Naturalizar a produção de conteúdo é ser puxado pela maré das Big Techs, incluindo redes sociais e plataformas de streaming.

Para Dani Ribas, há outras maneiras de construir a imagem artística, se posicionar como marca pessoal e promover a música no mercado:

“É necessário fazer as redes trabalharem para você, e não o contrário. É necessário ter consciência dos atributos de identidade artística e reflexão sobre os processos criativos para não cair no jogo do volume e velocidade das Big Techs. É necessário pensar estrategicamente quais dos atributos serão compartilhados nas músicas e redes. É necessário colher e sistematizar informações qualitativas sobre a audiência, e não apenas chamar a atenção dela. É necessário mergulhar nas ideias musicais do nicho para entender quais elementos são relevantes no diálogo com o público. Estas são as entregas do meu método de trabalho, que foge da lógica da economia da atenção e te ensina a pensar de uma nova maneira, sem te aprisionar no mundo da produção de conteúdo por obrigação”.

Dani Ribas

Leia o artigo completo de Mark Mulligan aqui (em inglês).