Muitos artistas começam suas carreiras pensando que uma turnê internacional é algo possível apenas para grandes artistas, e que isso é algo impossível para artistas em começo de carreira.
Na verdade, esse é um ponto de vista equivocado. Uma carreira internacional não tem a ver com o “tamanho” do artista, ou com o “convite” para uma turnê internacional.
A internacionalização tem a ver com o planejamento e com as frentes de trabalho da gestão de carreiras: se o artista não desempenha todas as frentes de trabalho em seu próprio país, ele provavelmente não conseguirá desenvolve-las em outros mercados.
(Uma das consultorias da Sonar é justamente para artistas independentes que querem saber quais são essas frentes de trabalho e o que é necessário fazer em cada uma delas. Clique aqui para saber mais).
A convite do SESC SP, Dani Ribas da Sonar e o músico João Suplicy (que tem carreira de sucesso nos EUA) abordaram as múltiplas questões envolvidas na internacionalização.
Dicas para se internacionalizar
No mercado atual, marcado pela crescente digitalização e importância do streaming, todos os artistas são internacionais. Afinal, sem a necessidade de distribuição física de discos, o público potencial está em qualquer país.
Mas essa possibilidade não o torna um artista com carreira internacional. Além do planejamento, há muita lição de casa a ser feita.
É necessário conhecer a cadeia produtiva da música e quais são os profissionais que atuam na internacionalização de carreiras; identificar informações sobre os locais de música ao vivo no mercado para o qual você deseja ir; estar atualizado sobre as feiras de negócios mais relevantes; e como funciona a remuneração da música em ambiente digital a partir de royalties de direitos autorais, tanto em plataformas de streaming como em lives por meio de redes sociais. Também é importante conhecer os artistas do país para onde o artista quer ir: antes de mais nada é necessário ser público desses artistas para depois pensar em colaborações ou feats.
Esses pontos foram explorados longamente por Dani na palestra do SESC em 16 de julho de 2020. Assista ao vídeo:
Um bom resumo: por onde começar?
Mais de mil pessoas acompanharam ao vivo a palestra – o que demonstra um grande interesse pelo tema.
Selecionamos um excelente resumo do papo feito pela @boca_producao em seu perfil no Instagram. Confira:
1 – Estudar e aprender sobre o music business é essencial para que artistas vejam a sua carreira como um negócio. Para estabelecer uma carreira sólida no mercado da música você precisa estudar o além instrumento, ao invés de se ater à mentalidade de se dedicar apenas à sua arte
2 – A parte administrativa do projeto importa muito pra que a sua música possa chegar ao público. E nesse sentido, realizar um planejamento de carreira com fases, metas definidas e ações coordenadas é fundamental. Lembre-se de que a turnê é a parte ao vivo do trabalho, ou seja, o resultado final de todo um processo de planejamento anterior
3 – E por onde começar? Frequente as feiras de música, as music conferences, as palestras e os workshops do mercado musical. Além de fazer network, conhecer os profissionais do mercado, e assistir aos debates que podem te direcionar para os conteúdos que vão ensiná-lo o que fazer e quais são as frentes que é preciso dominar, compareça também às rodadas de negócios e aos speed meetings. Através deles você pode entrar em contato com possíveis managers e bookers gringos que podem levar o seu trabalho artístico para um selo internacional, entre outros tipos de conexão. A principal feira de negócios do mercado da música no Brasil é a SIM São Paulo, e esse ano ela acontecerá integralmente no ambiente digital
4 – Conheça o novo mercado que você quer se estabelecer, além do brasileiro. Quais são os artistas de grande, médio e pequeno porte desse mercado? Quais são os veículos de mídia relevantes? Quais são os festivais, feiras e principais eventos do calendário musical? Quais são as casas noturnas? Mapeie o máximo de informações possíveis
5 – Esqueça o mito de que pro seu trabalho bombar internacionalmente é necessário você acontecer na Europa e nos Estados Unidos. Comece focando no mercado musical da América Latina, em que estamos inseridos, e que é o que mais cresce nos últimos 3 anos. Invista em mercados como Uruguai, Argentina, Peru e Colômbia que estão em franco crescimento
6 – Monte times eficientes e com especializações em frentes diferentes do trabalho. Você pode até fazer tudo sozinho (ser seu próprio produtor musical, sua própria editora, sua própria distribuidora, seu próprio manager, etc), mas saiba que você estará competindo por audiência com todos os outros artistas independentes + todos os artistas das 3 grandes gravadoras mundiais + Youtube + Netflix + Amazon + Livros + etcs. Estude o conceito de economia da atenção
7 – Trabalhe a sua presença digital e forme o seu público nas plataformas, além do ao vivo. No começo da carreira o ideal é que o artista toque bastante e mostre o seu trabalho para o máximo de pessoas possível visando gerar relevância no mercado. Porém junto a esse movimento, é importante que planeje também a promoção da sua música no ambiente digital. Dê valor ao pitch de playlists
8 – Considere incluir o seu público em todas as fases do planejamento do seu lançamento. Aqueça o seu público com uma série de publicações anteriores, converse com ele, peça opiniões, trabalhe a relação com o seu público de forma mais estratégica. Isso faz com que você compreenda melhor que direção tomar para a sua própria carreira
9 – Utilize a análise de métricas a seu favor. No Spotify, veja quem salvou a sua música, procure o perfil da pessoa no Facebook ou Instagram e convide-a, junto a seus amigos, para comparecerem na ocasião do seu show na cidade