Lançada a pesquisa TIC Cultura do CETIC.br

Lançada a pesquisa TIC Cultura do CETIC.br – Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e à UNESCO. A pesquisa investigou o uso das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) pelos equipamentos culturais brasileiros. Dani Ribas, da Sonar Cultural, foi uma das especialistas convidadas a contribuir com a pesquisa.

Como Centros Culturais usam a Internet?

Pouco se sabe sobre como os equipamentos culturais brasileiros (como arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros) utilizam a internet.

O uso da internet nesses equipamentos estaria contribuindo para a ampliação do acesso à cultura? Como?

Essas são as perguntas que originaram a pesquisa TIC Cultura realizada pelo CETIC.br – Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e à UNESCO.

A pesquisa foi lançada esta semana, e é a primeira desse tipo já realizada no Brasil. Os dados referem-se a 2016, quando foram coletados. Dani Ribas, da Sonar Cultural, foi uma das especialistas convidadas a contribuir com a pesquisa, especialmente na etapa de elaboração das perguntas que constariam do questionário:

“É um prazer contribuir com uma pesquisa tão importante e pioneira como esta. E a iniciativa do Cetic em convidar especialistas de diversas áreas e instituições, como IBGE, IPEA, SESC, CEBRAP, entre outras, é essencial a um levantamento como este, pois a experiência e o olhar de cada um dos especialistas convidados possibilita analisar as questões a partir de diversos ângulos. Essa multiplicidade de pontos de vista é essencial à etapa de formulação das perguntas avaliavas que orientam a elaboração do questionário. Sem esse tipo de cuidado, a pesquisa ficaria limitada ao ponto de vista institucional – e a ideia foi a de que a pesquisa servisse à gestão cultural como um todo”, pondera Dani Ribas.

A pesquisa revelou, por exemplo, que o uso das plataformas on-line (websites e redes sociais) pelos equipamentos culturais brasileiros está mais voltado à divulgação de notícias e atividades das instituições do que à difusão de conteúdos culturais.

Com base nos dados apresentados, gestores de instituições culturais podem repensar o uso que fazem da internet nos equipamentos que gerem.

Os equipamentos culturais são um importante local de efetivação do acesso à cultura, tanto pela oferta de atividades de formação e programação cultural, quanto pela preservação e difusão de acervos. Entretanto, o uso das TIC por parte destas instituições ainda é incipiente para o pleno aproveitamento deste potencial. As tecnologias digitais poderiam ser utilizadas não apenas para divulgar as atividades das instituições, mas também para ampliar os públicos da cultura por meio da realização de transmissões ao vivo, atividades de formação à distância e disponibilização de acervos na Internet”, reflete Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

(Fonte: http://cetic.br/noticia/pesquisa-investiga-o-uso-da-internet-para-ampliacao-do-acesso-a-cultura-no-brasil/)

Como acessar a pesquisa

Para acessar a pesquisa na íntegra visite o site da pesquisa.

Lá você vai encontrar informações sobre os objetivos, metodologia e referências internacionais, apoiadores, tabelas com os dados e indicadores da pesquisa, além de algumas análises.

Ou, se preferir, você pode ler a publicação em pdf.

Alguns resultados da pesquisa

As informações abaixo, retiradas do site do Cetic.br, nos dão um panorama sobre os dados levantados pela pesquisa:

Perfil dos equipamentos culturais

Dentre os equipamentos culturais analisados, são majoritariamente instituições públicas as bibliotecas (94%), arquivos (80%) e museus (67%). São privados, em sua maioria, os cinemas (76%, sendo 68% com fins lucrativos) e os pontos de cultura (81% sem fins lucrativos). Os recursos que mantém os equipamentos culturais provém de fontes variadas, desde órgãos governamentais até a venda de produtos e serviços. A maioria das instituições é de pequeno porte, com 1 a 9 funcionários, enquanto os pontos de cultura se destacam pela presença de voluntários.

Infraestrutura de TIC

De acordo com a pesquisa TIC Cultura 2016, o uso do computador é praticamente universalizado entre arquivos (99%) e cinemas (98%), mas ainda pode ser expandido, principalmente em bens tombados (69%), bibliotecas (78%) e museus (81%). O uso da Internet revela um cenário semelhante, apresentando desigualdades regionais, sobretudo em bibliotecas e museus; enquanto 81% das bibliotecas da região Sudeste utilizaram a Internet no ano anterior à pesquisa, o percentual chega a 49% entre aquelas da região Norte.

A presença de WiFi não é difundida e a disponibilização da conexão para o público não atinge 50% das instituições em nenhuma das categorias de equipamentos culturais analisados. Com relação aos tipos de software adotados, a maior proporção de utilização de software por licença de uso foi apresentada pelos cinemas (68%), enquanto o uso de software por licença livre destacou-se em pontos de cultura (51%).

Uso de Internet

O estudo também aponta que a maior parte das instituições oferecem serviços, informações ou assistência ao público pela Internet, com destaque para arquivos (82%) e cinemas (76%). No entanto, algumas atividades apresentam variações de acordo com o perfil de cada equipamento. A venda de produtos e serviços pela Internet tem maior percentual entre cinemas (57%), ao passo que a captação de recursos (54%) e o uso de serviços de governo eletrônico destacam-se entre pontos de cultura, sobretudo no que se refere à busca de informações sobre editais governamentais (77%) e à participação nesses editais (74%).

Entre os serviços oferecidos pela Internet, destacam-se a venda ou reserva de ingressos entre cinemas e teatros. As atividades de formação ainda são predominantemente presenciais entre todos os tipos de equipamentos – a oferta de formação a distância não é prática comum, apresentando percentuais acima de 10% apenas entre pontos de cultura (13%) e arquivos (17%).

Presença em websites e redes sociais

Segundo o levantamento, a presença das instituições culturais na Internet também apresenta variações de acordo com o seu perfil. Websites próprios são mais comuns entre cinemas (73%) do que entre as bibliotecas (9%). Entre quase todos os tipos de equipamentos culturais, a presença na Internet por meio de redes sociais mostra-se mais frequente: cinemas (94%); pontos de cultura (77%); teatros (62%); museus (49%); bens tombados (48%); bibliotecas (35%).

“Tais plataformas on-line são utilizadas, em especial, para divulgação de atividades, programação cultural e notícias, sendo pouco aproveitado seu potencial para transmissão de vídeos ao vivo (streaming), visitas virtuais ou disponibilização de catálogos de acervos – que poderiam se constituir em importantes ferramentas para ampliação do acesso à cultura, principalmente em regiões onde há menor disponibilidade de equipamentos culturais”, pondera Barbosa.

Digitalização de acervos

A TIC Cultura 2016 mostra uma presença significativa de acervos em todas as categorias de equipamentos culturais, e a digitalização dos materiais se destaca entre arquivos (74%), pontos de cultura (63%) e museus (58%). A maior parte dos equipamentos havia digitalizado menos da metade dos itens de seus acervos, e a principal dificuldade apontada é a falta de financiamento, seguida da falta de equipe qualificada. Mesmo entre aqueles que possuem acervo digitalizado, a maior parte o disponibiliza para o público na própria instituição e não na Internet.

Habilidades e percepções sobre o uso das TIC

A pesquisa TIC Cultura revela, ainda, que a maior parte dos equipamentos culturais não possui área ou departamento de TI, nem contrata serviços nessa área, exceto no caso dos cinemas. De acordo com o estudo, a maior dificuldade para o uso de computador e Internet é a escassez de recursos financeiros para investimento em tecnologia, sendo o “uso de dispositivos ultrapassados” e a “baixa velocidade de conexão” outras dificuldades mencionadas. “Esses aspectos revelam que ainda persistem desafios econômicos, de infraestrutura e de capacitação para apropriação das tecnologias pelos equipamentos culturais brasileiros”, conclui o gerente do Cetic.br.

Sobre a pesquisa

Realizada entre novembro de 2016 e abril de 2017, a pesquisa TIC Cultura investiga a existência de infraestrutura de tecnologias de informação e comunicação (TIC) e o uso dessas tecnologias nos equipamentos culturais brasileiros, com foco na gestão interna, no contato com os públicos e na digitalização de acervos. Além disso, também traz informações sobre a gestão de TI nessas instituições e a percepção das contribuições e desafios para o uso de computador e Internet. Em 2016, foram entrevistados 2.389 equipamentos culturais, incluindo arquivos, bens tombados, bibliotecas, cinemas, museus, pontos de cultura e teatros.

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